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Em 1970, Janis Joplin estava no auge do sucesso, prestes a lançar seu quarto álbum de estúdio. Suas canções dominavam os rankings musicais, e ela era cada vez mais admirada pela voz marcante, composições intensas, estética psicodélica e personalidade forte. Em outubro daquele ano, há exatas cinco décadas, ela morreu aos 27 anos de idade, vítima de uma overdose. Mas nem isso interrompeu a ascensão de sua obra. O disco “Pearl”, lançado postumamente, foi o mais vendido. E Janis passou a ser considerada a rainha do rock’n’roll e referência no blues e no soul. Em uma entrevista, contou como sua história com a música começou:

“Por acidente, eu descobri que tenho essa voz incrivelmente alta. Então, comecei a cantar blues porque eu sempre gostei. Eu não tinha nenhuma ambição, não queria uma carreira. A carreira simplesmente veio depois que comecei a cantar, foi muito estranho.”

Apesar da curta carreira, Janis Joplin sintetizou os valores políticos e musicais dos anos 1960, como apontou o produtor musical e comentarista da CBN João Marcello Bôscoli:

“A liberdade, a transgressão, a criatividade. Seu timbre de voz era totalmente incomum para alguém com as suas origens, e tinha uma performance no palco que capturava os olhares. Era realmente uma figura muito especial. Praticamente uma crônica daquela época, e simultaneamente ela tem os chamados valores eternos: sua música parece sempre fazer sentido e sempre pode ser reinterpretada. Janis Joplin vive.”

Janis Joplin nasceu no Texas, em 1943, mas mudou-se para San Francisco aos 20 anos de idade. Três anos depois, se tornou vocalista da banda Big Brother & the Holding Company, com quem lançou dois discos. Em 1969, seguiu em carreira solo. Ela lançou seu terceiro disco, com a banda de apoio Kozmic Blues Band, e fez uma performance no histórico Festival de Woodstock.

Um dos episódios mais marcantes de 1970, seu último ano de vida, foi uma vinda ao Brasil. No Rio de Janeiro, conheceu o carnaval, foi fotografada de topless na praia e acabou expulsa do Copacabana Palace por nadar nua na piscina. Ela também encontrou o roqueiro Serguei e cantou em uma boate em Copacabana. Depois, foi a Salvador. Esse foi um dos temas da última entrevista de Janis de que se tem registro.

Seu repertório, estética e personalidade foram influência para diversas artistas brasileiras. Gal Costa declarou em entrevistas que Janis Joplin foi uma de suas maiores inspirações no começo da carreira. Cássia Eller gravou um clipe interpretando “Mercedes Benz”. Em várias músicas, como “Dezesseis”, do Legião Urbana, Janis aparece praticamente como sinônimo de rock’n’roll. Angela Ro Ro, além de incluir canções da artista em seu repertório, compôs em homenagem a ela a música “Blue Janis”, censurada durante a ditadura militar por ser considerada “imoral”.

A atriz Carol Fazu interpretou nos teatros o monólogo “Janis”, contando e cantando a história da artista, misturando ficção e realidade. Ela contou que idealizou o projeto porque a descoberta da obra de Janis Joplin foi uma das influências pra começar sua trajetória artística:

“É um projeto que estava dentro de mim, morava aqui nos meus afetos, na minha musicalidade. Ela tem uma força, teve muita coragem. Ela namorou homens e mulheres, frequentava lugares de música negra. Ela estava ligada a todas essas questões humanas, de gênero. E arcou com todas as consequências disso. Era uma mulher à frente do seu tempo e muito forte.”

A cantora santista Alexandra Silveira se dedica há 25 anos a interpretar o repertório de Janis. Como Xandra Joplin, além dos shows como cover, ela se apresentou nacionalmente em programas de televisão e participou da trilha sonora da novela “Tempos Modernos”, da TV Globo.

“Fazer o tributo à Janis Joplin é uma coisa que me dá muita vida, sinto muito amor em levar a obra da Janis nos lugares, ver pessoas que não conhecem a Janis e passaram a conhecer através de mim. E isso é o mais importante, propagar a obra da Janis, que foi essa mulher maravilhosa, forte. Fico emocionada, fico muito lisonjeada”, conta Alexandra.

Às vésperas da data que marca os 50 anos de sua morte, Janis ganhou uma biografia considerada definitiva por familiares e pela autora Holly George-Warren. O livro “Janis Joplin – sua vida, sua música” foi lançado no Brasil pela editora Seoman.

Fonte: CBN